O Pássaro da Alma na Filosofia para Crianças

Numa das nossas aulas de Filosofia para Crianças, levei para discussão com uma turma de 3.º ano uma obra intitulada “O Pássaro da Alma” de Mickael Snunit. Ora sendo uma obra já trabalhada por muitos, não é de certo, assunto que se fale todos os dias: a Alma. Mas o que me deixa sempre curiosa e também deliciada são os conceitos e ideias que já existem nestas cabeças de 8 anos. Longe dos meus 8 anos, em que reinava a brincadeira e, quanto muito algumas responsabilidades, estes meninos têm uma visão muito mais abrangente onde a Alma já não se confunde com coisas de fantasmas… a maturidade de hoje não é a de outros tempos!

A Alma está intimamente ligada ao nosso Eu, ao que sentimos, ao que dá vida e razão à nossa existência e disto, os meus alunos (pelo menos muitos deles…) parecem não ter dúvidas.

À medida que os diapositivos vão passando, vou formulando algumas questões sobre a Alma, sobre aquilo que acham que é a Alma. Pois para os compreender, preciso de ouvir o que sabem sobre este assunto.

“A Alma é uma coisa que nós temos dentro do nosso corpo” dizia-me um deles. E antevejo aqui a noção de existência da Alma como vida.

Um outro dizia-me “A Alma está dentro do nosso coração mas nós não a vemos porque está dentro do nosso corpo”.  Mais uma vez, a ideia de vida.

“A Alma é de uma pessoa que quando morre, vai para o céu e a pessoa fica cá na terra.” Salvo a formulação frásica, percebo aqui o entendimento da Alma como animadora, aquilo que anima o corpo (e ainda nem conhecem a etimologia da palavra ).

Muitas ideias se foram trocando e percebo que, afinal, na cabeça de meninos de 8 anos não mora só futebol, beyblades e outros… naquelas cabeças também se pensa, muito mais do que às vezes imaginamos.

“A Alma é onde se encontram os nossos sentimentos. Contém os nossos sentimentos, pensamentos. Da Alma sai para o exterior o que nós pensamos. Com a Alma nós pensamos o que a seguir vamos fazer. Lá, escondem-se os sentimentos” Ou como me dizia ainda outro aluno: “A Alma é a memória.”

Quando os ponho a pensar, naquilo que acho que ainda não o fazem, engano-me… por cada pensamento que provoco, provocam em mim uma infinidade de pensamentos, de questões. E os meus alunos nunca ouviram falar de Platão!

E tu Nônô, costumas pensar nestes assuntos???

Beijinhos,

A professora de Filosofia Para Crianças